Ementa:
A atividade convida alunos, alunas e alunes de graduação em Direito a produzir conteúdos acessíveis de cunho jurídico para internet, por meio de episódios de podcast e perfis em redes sociais. São os(as) alunos(as) responsáveis pela criação do conteúdo a ser disponibilizado na internet, indo desde a pesquisa, a elaboração de eventuais roteiros até a habilidade prática e interdisciplinar de manejo de novas ferramentas digitais, como edição de podcasts e imagens. Ao longo do semestre, o(a) professor(a) acompanha e orienta a execução das atividades em encontros quinzenais, que são realizadas em grupos, e, no fim, o material é disponibilizado na internet. Utilizando o método de ensino baseado em projetos, a atividade é capaz de desenvolver inúmeras habilidades e competências do corpo discente, indo desde o desenvolvimento de argumentação e raciocínio jurídicos adequados e coerentes até o letramento crítico e a aptidão para socializar conhecimentos com públicos diferenciados e em diferentes contextos. A atividade pode ser realizada em qualquer disciplina ou campo do conhecimento jurídico, uma vez que se apresenta como uma forma aberta de projeto que interliga ensino, pesquisa e extensão, replicável em contextos curriculares diversos, não estando vinculada a um conteúdo jurídico particular.
Prêmio Destaque na 3ª Edição do Prêmio Esdras de Ensino do Direito (2020).
Atividade sem revisão pelo autor.
Objetivo:
OBJETIVOS GERAIS: A disciplina Projeto Interdisciplinar tem como objetivo desenvolver no corpo discente as seguintes habilidades: aprender a ser (construção da identidade, autoestima, etc.), aprender a conviver (desenvolvimento ético-cidadão, fortalecimento da humanidade, etc.) e aprender a conhecer e a fazer (desenvolvimento profissional, treinamento profisional, etc.). As premissas da disciplina envolvem a articulação entre teoria e prática, o desenvolvimento de trabalhos em grupo, a integração curricular, o desenvolvimento de competências socioemocionais e a interação da instituição de ensino com outros setores da sociedade.
A atividade, por sua vez, se insere nos objetivos da disciplina das seguintes formas:
- O(a) aluno(a) "aprende a ser" quando, de acordo com seus interesses e a partir do seu lugar de fala, é convidado(a) a eleger o conteúdo jurídico que deseja trabalhar com profundidade para ser divulgado na internet;
- O(a) aluno(a) "aprende a conviver" quando, de um lado, precisa trabalhar em grupo para desenvolver o projeto e, de outro, prepara o conteúdo jurídico para um público maior que seus pares da sala de aula, assumindo a importância de torná-lo acessível e compreensível para diferentes pessoas, sejam leigos ou especializados em direito;
- O(a) aluno(a) "aprende a conhecer e a fazer" quando é convocado a trabalhar em grupo, intermediar os fluxos do fazer coletivo e a atingir um grau de sotifisticação, em relação ao seu material, mais contundente, já que o conteúdo será divulgado e acessado por um público maior.
As premissas da disciplina, por fim, dialogam diretamente com o fazer da atividade. A articulação dessas premissas se dá quando o(a) aluno(a) encaminha uma temática jurídica para um fazer prático distinto do habitual, passando da tradicional produção de peças ou pareceres jurídicos das disciplinas de prática jurídica para a elaboração de cartilhas, roteiros, imagens, materiais audiovisuais e outros produtos que também contam com conteúdo jurídico e que serão acessados por um público maior e aberto.
HABILIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS: A ideia da atividade é utilizar plataformas e espaços de ser e estar mais próximos da realidade dos(as) alunos(as), como as redes sociais (Instagram, Facebook, TikTok, etc.), para aumentar o ganho de assimilação do conteúdo programático e do desenvolvimento das habilidades e competências previstos na ementa disciplinar. Além disso, a atividade desenvolve habilidades socioemocionais, como trabalho coletivo, capacidade de expressão, letramento crítico e criatividade. São os(as) alunos(as) responsáveis por toda a criação do conteúdo a ser disponibilizado na internet, indo desde a pesquisa, a elaboração de eventuais roteiros até a habilidade prática e interdisciplinar de manejo de novas ferramentas digitais, como edição de podcasts e imagens.
As seguintes habilidades e competências são trabalhadas na atividade:
- Praticar a interdisciplinaridade.
- Buscar processar e analisar informações.
- Propor soluções para situações-problema.
- Levantar e investigar hipóteses.
- Aprender com autonomia e atualizar-se permanentemente.
- Trabalhar em equipe.
- Organizar e planejar processos de trabalho em grupo.
- Analisar cenários e tomar decisões.
- Comunicar-se oralmente e por escrito.
- Consolidar conhecimentos sobre a área de estudos e a profissão.
- Refletir sobre o próprio aprendizado e a prática profissional.
CONTEÚDOS TRABALHADOS: No caso da minha experiência, por se tratar de uma disciplina cujos objetivos principais não se vinculam diretamente a uma disciplina jurídica, os conteúdos trabalhados na atividade dizem respeito à formação de habilidades e desenvolvimento de competências. Para tanto, a eleição de temáticas jurídicas se dá de acordo com o protagonismo do(a) aluno(a), cabendo ao(à) docente acompanhar e instruir a adequação do conteúdo jurídico posto.
Os conteúdos trabalhados na disciplina, refletidos na atividade, são os elencados abaixo:
- Identificação, investigação e proposição de soluções criativas para situações-problema.
- Elaboração e implementação de projetos.
- Reflexão sobre os conceitos centrais da profissão e desenvolvimento de habilidades essenciais.
- Liderança, cooperação e comunicação.
- Trabalho em equipes interdisciplinares.
- Pensamento crítico e analítico.
- Metacognição e formação permanente.
Dinâmica:
MÉTODO DE ENSINO: Ensino baseado em projetos
PREPARAÇÃO DOCENTE PRÉVIA: O(a) docente deve preparar um cronograma de atividades contendo 4 (quatro) encontros, dentro da sala de aula, com os grupos que irão desenvolver os projetos. É de extrema importância que tal cronograma esteja previamente estabelecido pelo(a) docente e já se reflita no plano de aula da disciplina.
Além disso, o(a) docente é convidado a se preparar acessando e consumindo conteúdos produzidos nas redes sociais e nos principais veículos jornalísticos que, de algum modo, se relacionem com o tema da atividade. No caso de podcasts, alguns exemplos interessantes são podcasts como o Café da Manhã (Folha de S. Paulo), O Assunto (G1) e Foro de Teresina (Revista Piauí).
PREPARAÇÃO PRÉVIA DE ESTUDANTES: Os(as) alunos(as) se preparam para a atividade, de forma geral, com leituras sobre elaboração de projetos, fluxos de trabalho em grupo e tutoriais sobre produção de conteúdo para redes sociais. Tais sugestões estão indicadas no plano de ensino fornecido como exemplo na seção de Anexos.
Além disso, em cada encontro, os(as) alunos(as) devem se preparar de acordo com as instruções dadas para tal. No primeiro encontro, não é exigida preparação prévia. No segundo encontro, os(as) alunos(as) devem preparar uma apresentação contendo a pesquisa feita até o momento para elaboração do projeto, além de preencher um formulário preeviamente fornecido. No terceiro encontro, devem estar preparados(as) para dialogar com os(as) colegas sobre os resultados parciais do projeto. Por fim, no último encontro, os(as) alunos(as) se preparam para apresentar os resultados finais do projeto e do produto que elaboraram para a internet.
Para a realização dos projetos, os(as) alunos(as) são encorajados(as) a dialogar com outros setores da sociedade, abrindo, inclusive, espaço para que os produtos sejam construídos em parceria com movimentos sociais, grupos vulneráveis e pessoas legais em direito (exemplos: entrevistas com lideranças indígenas, bate-papo filmado com associações de bairro, etc.).
INTRODUÇÃO DA DINÂMICA: A atividade convida alunos, alunas e alunes de graduação em Direito a produzir conteúdos acessíveis de cunho jurídico para internet, por meio de episódios de podcast e perfis em redes sociais. São os(as) alunos(as) responsáveis pela criação do conteúdo a ser disponibilizado na internet, indo desde a pesquisa, a elaboração de eventuais roteiros até a habilidade prática e interdisciplinar de manejo de novas ferramentas digitais, como edição de podcasts e imagens. Ao longo do semestre, o professor acompanha e orienta a execução das atividades, que são realizadas em grupos, e, ao fim, o material é disponibilizado na internet.
A atividade é aplicada em 4 (quatro) encontros calendarizados ao longo do semestre. Os encontros acontecem no horário habitual da disciplina, dentro da sala de aula. Em turmas com até 50 alunos(as), os encontros podem ser feitos em uma hora-aula; em turmas maiores, os encontros podem durar até duas horas-aula.
DESENVOLVIMENTO DA DINÂMICA:
No primeiro encontro ("Encontro inicial"), o(a) docente explica ao corpo discente a atividade proposta. É nesse encontro que é pormenorizada a metodologia de trabalho, são formados os grupos, é elaborado o cronograma de atividades e a divisão de tarefas entre os(as) alunos(as). O corpo discente é convocado a pensar em temas jurídicos que estejam sendo trabalhados naquele semestre, com o desafio de produzir conteúdo que sejam acessíveis a população em geral.
No segundo encontro ("Seminário de pesquisa"), os grupos são convidados a apresentar ao(à) docente e à sala, em formato expositivo por um tempo de até 7 (sete) minutos, um esboço inicial dos projetos que estão desenvolvendo para a internet. Para esse momento, o(a) docente aplica um questionário prévio para auxiliar os grupos a seguirem um caminho metodológico coordenado. O questionário solicita nome do projeto, uma breve descrição da ideia do grupo, a modalidade e a plataforma a serem utilizados no produto final, os objetivos do projeto e as fontes de pesquisa consultadas para a realização da pesquisa (vide material de exemplo na seção Anexo). Nesse momento, o foco é demonstrar o objeto do produto que estão desenvolvendo especialmente em termos teóricos, com base em pesquisas feitas pelo grupo. O segundo encontro constitui momento avaliativo para fins de composição de nota.
No terceiro encontro ("Apresentação das atividades desenvolvidas"), os grupos são convidados a reportar os avanços da construção do projeto aos(às) colegas e ao(à) docente. Como este é o penúltimo encontro, os grupos são encorajados a apresentar um esboço final dos projetos. É realizado um debate entre os grupos para que haja uma momento de avaliação entre os pares ("peer review"), ou seja, entre os próprios grupos. Tal momento avaliativo não tem fins de composição de nota.
ENCERRAMENTO: Por fim, o quarto encontro ("Finalização") é quando se dá a apresentação final dos produtos a serem divulgados na internet e é quando o(a) docente realiza a avaliação final para fins de composição de nota. Os grupos são convidados a apresentar, em falas expositivas de até 7 (sete) minutos, os materiais finalizados que produziram. Vejamos um exemplo: caso o grupo tenha produzido um episódio de podcast, os(as) docentes podem explicar o conceito do material, indicando o link para acesso e exibindo um trecho do podcast elaborado.
Os encontros em sala de aula podem acontecer a cada duas semanas. Os dois momentos avaliativos, para fins de composição de nota, podem ter pesos diferentes. Sugere-se que o primeiro momento avaliativo ("Seminário de pesquisa") constituia 30% do valor total da nota e o segundo momento ("Finalização"), os outros 70%.
Para além dos encontros em sala de aula, os(as) alunos(as) devem se organizar para elaborar o projeto fora da sala de aula. Nesses momentos, são encorajados a utilizar os mecanismos virtuais para garantir maior agilidade e eficiência em suas pesquisas e construção do conteúdo.
Como as atividades se centram no ambiente virtuais, os materiais a serem utilizados são, essencialmente, computadores e smartphones com acesso à internet e softwares de edição de texto, imagem e produção audiovisual.
Avaliação:
A avaliação é realizada com base nos encontros em sala de aula com os grupos e acontece, fundamentalmente, em dois momentos. O primeiro momento avaliativo acontece no segundo encontro ("Seminário de pesquisa"), com valor de 30% da nota final da atividade. Os critérios a serem utilizados são: presença do grupo no debate, cumprimento do tempo estabelecido para apresentação e adequação das respostas dadas no formulário previamente enviado pelo(a) docente. O segundo momento avaliativo se dá no encontro final ("Finalização") em que o(a) docente utiliza os seguintes critérios para atribuição de notas: presença do grupo no debate, cumprimento do tempo estabelecido para apresentação, grau de refinamento do produto final apresentado, grau de acessibilidade do conteúdo produzido, habilidade em integrar a temática jurídica e criatividade.
Observações:
Em meu caso, gostaria de deixar registrado que a atividade foi muito importante porque ampliou o alcance das iniciativas desenvolvidas em minha instituição. Na lógica colonial e normalmente excludente da produção do conhecimento, algumas instituições ainda carecem de espaço e representação nas grandes mídias e, por meio dessa atividade, foi possível superar essas barreiras estruturais.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES DE “CONSOLIDAÇÃO” A SEREM DESENVOLVIDAS PELOS ALUNOS (ATIVIDADES EXTRACLASSE): Sugere-se que os produtos finais sejam, de fato, veiculados na internet, com o apoio da instituição para que gere engajamento nas redes. Em minha experiência, os materiais, podcasts, perfis em redes sociais (especialmente Instagram), foram também apresentados na EXPO São Judas, um momento institucional em que os projetos dos(as) alunos(as) é compartilhado e disseminado com alunos(as) de todos os cursos da universidade.
CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS:
a) Seguir o cronograma estabelecido no início das atividades, para fins de composição da nota e entrega dos produtos finais, e deixar o cronograma de atividades acessível a todos(as) alunos(as) e registrado na plataforma de materiais da turma (como Google Classroom, por exemplo);
b) Auxiliar na formação dos grupos no início das atividades, deixando registrado quais alunos(as) fazem parte dos grupos formados;
c) Conversar com os(as) alunos(as), passando por todos os grupos, no início das atividades, para se certificar que todos(as) têm possibilidade de contribuir com o projeto, seja em termos de capacidade de falar e ser ouvido, quanto em termos de material (possuir computador, acesso à internet, etc.);
d) Providenciar os materiais necessários para os(as) alunos(as) que não os possuam;
e) Mostrar a importância de dialogar com outros setores da sociedade, abrindo, inclusive, espaço para que os produtos sejam construídos em parceria com movimentos sociais, grupos vulneráveis e pessoas legais em direito;
f) Incentivar o corpo discente e demonstrar a importância dos(as) alunos(as) em se engajar com projetos que tenham reflexos para além da sala de aula.